quarta-feira, 22 de setembro de 2010

O uso do FGTS para compra de ações da Petrobrás

Desde 2000 havia uma grande expectativa, por parte dos trabalhadores, em utilizar parte de seus recursos do FGTS para compra de mais ações da Petrobrás. A Petrobrás conseguiu comprar da União (diga-se de passagem, sem licitação) o direito de explorar até 5 bilhões de barris de petróleo e gás natural em áreas ainda não concedidas da camada do pré-sal. Para tanto precisará de recursos, não somente para pagar à União, como também para investir em tecnologias e estabelecer as condições necessárias para tal exploração. A empresa optou por capitalizar-se através da emissão de novas ações, o que poderá chegar a US$ 65 bilhões.


Esta capitalização da Petrobrás vem sendo acompanhada de muitas incertezas, o que tende a se refletir em uma volatilidade ainda maior dos papéis da empresa, que em 2010 acumula uma desvalorização (até o dia 22 de setembro) de 28% em suas ações ordinárias e em suas ações preferenciais. Desse modo, apesar de ser tentador aos trabalhadores migrarem seus recursos do FGTS para a aquisição de ações da Petrobrás, com o propósito de alcançar rentabilidade superior aos 3% oferecidos pelo FGTS, vale lembrar que estarão sujeitos aos riscos desta capitalização, o que pode resultar em uma rentabilidade negativa dos recursos transferidos do FGTS para a aquisição de novas ações da Petrobrás em determinados intervalos de tempo.

A análise correta a ser feita pelo trabalhador deve considerar a expectativa de valorização das ações até o momento do saque. Se a rentabilidade esperada superar a rentabilidade do FGTS (que mal acompanha a taxa de inflação) então o investimento vale à pena. Assim sendo, todo cuidado é pouco para os que pretendem utilizar parte de seus recursos do FGTS no curto e médio prazo, pois entre outros fatores, devemos lembrar que ainda há vestígios da crise internacional que pode influenciar o preço do barril de petróleo e, desse modo, inviabilizar a exploração e a produção de petróleo na camada pré-sal.